O coach pode ser visto como um condutor do coachee, seu cliente, porém, como uma pessoa poderá liderar bem outra, se não enxergar direito? Não ter clareza, pela inabilidade de compreender o outro, o ambiente no qual este se encontra, ou em como seu cliente sairá do estado atual, para chegar ao desejado, irá com certeza comprometer a capacidade do coach em atender às demandas do coachee. Essa situação pode ficar ainda mais comprometedora quando o coach nunca esteve aonde o coachee deseja ir, ou pouco entende quem ele é, e para onde deveria realmente ir.

Por isso, a palavra CLAREZA, ao abrir ou fechar os olhos, será a coluna de sustentação deste artigo. Para explorarmos essa habilidade, vou utilizar os conceitos da axiologia formal, ramo da filosofia, que tem Robert S. Hartman como um de seus maiores expoentes.

A axiologia formal trabalha no âmbito dos padrões de pensamento e julgamento. Ela não mensura comportamentos, competências ou valores, mas sim a clareza, ou o nível de segurança que uma pessoa sente a respeito de seis dimensões. Sua habilidade de coletar informações e, com isso, sentir-se confortável e confiante, na dimensão em questão.

Três dimensões são relativas à perspectiva interna, que mensuram a clareza que uma pessoa possui a respeito de si mesma, ou a clareza que o coach possui, quando fecha os olhos. As outras três dimensões são externas, relativas à clareza que um coach possui a respeito de sua visão de mundo, ou seja, a clareza que tem quando abre os olhos.

As seis dimensões são de enorme relevância para o sucesso de um coach, seu e de seu cliente. A seguir, você entenderá a pertinência de cada uma delas, para uma carreira bem-sucedida, em coaching, e em muitas outras.

FATORES INTERNOS: Clareza de si mesmo

  1. Eu comigo: É fundamental o coach valorizar a si mesmo, para com isso ter uma elevada autoestima e aumentar sua resiliência. Sentir-se confiante e capaz é chave para o coachee confiar no coach.
  2. Eu com os outros: Possuir clareza a respeito de seus papéis na vida, e se assegurar de que estes não conflitem entre si, é o caminho para um maior engajamento e produtividade. Essa clareza turbina a iniciativa do coach.
  3. Eu no mundo: A segurança, em saber a missão de vida, passa pelo autoconhecimento. Saber quem é, bem como qual o lugar a ocupar no mundo, também contribuem para a disciplina. Coaching, idealmente, não deveria ser uma atividade temporária, ou por falta de opção, é uma carreira que demanda pessoas que nasceram com os talentos para isso. O coach saberá se está no lugar certo, na medida em que souber quem é.

FATORES EXTERNOS: Clareza do mundo a sua volta

  1. Singularidade no outro: Sim, é necessário lembrar o coach a respeito da importância da habilidade de coletar informações a respeito do outro, percebendo quem ele é, em sua singularidade. Compreender o outro é chave, para levá-lo aonde ele deseja.
  2. Estabelecer relações de causa e efeito: A demanda do coachee, normalmente, é para obter auxílio para ir de um ponto A para um ponto B. Para isso é necessário um plano, com etapas, recursos corretamente alocados e, o mais importante, que estas etapas tenham relação de causa e efeito. É crítico que o coach tenha essa clareza de pensamento, para filtrar o que o coachee diz e analisar a qualidade e viabilidade de um planejamento.
  3. Alinhamento com sistemas: Uma cidade, empresa, carro, relógio, ou até mesmo a natureza e nosso corpo, são sistemas. Precisam de regras, e que estas sejam respeitadas, para o seu correto e perfeito funcionamento. Entender as regras de uma empresa (onde o coachee trabalha, por exemplo), ou da correta gestão do próprio negócio do coach (contabilidade, organização/estrutura da empresa, leis tributárias, trabalhistas etc.) poderá fazer uma enorme diferença, em médio e longo prazos, para a saúde da empresa do coach.

O sucesso de um coach terá relação direta com a resultante de uma série de variáveis. Uma delas, indubitavelmente, é a clareza de seu pensamento, a qual pode ser analisada pela axiologia formal. Possuir uma baixa clareza de pensamento seria como guiar um carro, à noite, com neblina e garoa, em uma estrada que o condutor não conhece, em má condição de manutenção e com curvas sinuosas. Como o piloto se sentiria nestas condições? Inseguro, prudente, devagar e com medo, no mínimo. A alta clareza nas dimensões axiológicas, por outro lado, traria a sensação oposta, permitindo ao motorista viajar com a segurança, tranquilidade, firmeza e a convicção de que a viagem será um sucesso, para si e para quem está no carro com ele.

Autor: Alexandre Ribas